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Escrever e falar melhor: As regras de ouro para a boa comunicação
Dois pelo preço de um, essa é a promoção oferecida por este texto: as regras primordiais da boa comunicação que se aplicam, a um só tempo, para a fala e a escrita. Para validar a ambição desse texto é conveniente, de imediato, verificar a relação entre essas atividades. A equivalência entre ambas está no compartilhamento do mesmo processo cognitivo de criação que, por sua vez, pode ser resumido em três simples etapas: 1) o desejo ou necessidade de expressar uma ideia; 2) a organização dessa ideia numa estrutura lógica; 3) a codificação dessa estrutura em uma ou mais mensagens. A partir daí resta apenas a etapa motora de movimentar a boca ou a mão – para os italianos ambos, pois o movimento é notoriamente conjunto. Na teoria a mensagem é objeto que um emissor transmite a um – ou mais que um – receptor. A mensagem é formada pelo emissor por um processo de codificação, e recebida pelo receptor por um processo de decodificação. O escopo desse texto, vale frisar, está em tratar das regras envolvidas até a formação e envio da mensagem. Para tanto devemos, anteriormente, definir os elementos fundamentais que constituem a mensagem: a forma e o conteúdo. A forma é um pacote definido: a) pela língua, através de suas expressões coloquiais e formais – com suas regras gramaticais e ortográficas; b) pela expressão, que pode ser escrita em prosa ou verso, falada, cantada ou mesmo manifestada artisticamente em pintura, escultura, etc; c) pela mídia, expondo a mensagem em jornais, revistas, televisões, rádios, blogs, redes sociais ou ao vivo O conteúdo é a representação de uma ideia, de um contexto, de um ponto de vista. Constitui o próprio objetivo da comunicação, a origem da necessidade e do desejo de se comunicar. Sem o conteúdo não existe motivo para a comunicação acontecer e esta seria, em essência, uma mensagem vazia, uma burocracia inútil expressa exclusivamente pelas regras da forma. Vamos resumir forma e conteúdo numa metáfora bastante simples: conteúdos são peças de Lego, avulsas ou combinadas entre si, que você tem guardadas em seu baú de brinquedos – memórias armazenadas – e a forma são instruções para montar e mostrar essas peças juntas, de maneira organizada. A mensagem final é o brinquedo que você montou com as peças, usando as suas instruções. Essas são as definições mínimas para que falemos, enfim, das seguintes regras práticas: Regra 0 – O Momento de falar e o momento de calar: Sim, esse senso de oportunidade é a manjedoura da boa comunicação. Para cada ímpeto de se manifestar, deve agir o fiel da balança que te conduz a fazê-lo ou se calar. Cabe a você desvendar os prós e contras de cada ato, sabendo se deve ou não satisfazer a coceirinha que domina a sua língua e os seus dedos;
Regra 1 – Tenha conteúdo: Essa regra é a número um por uma excelente razão: quem não tem conteúdo não tem muito a dizer, nem uma boa razão para se comunicar. As pessoas sem conteúdo se comunicam por cordialidade, socialização, mas, na verdade, são bastante desinteressantes. Mas a questão não se resume a ser ou não interessante. As pessoas sem conteúdo não têm o que mostrar numa entrevista de emprego, numa reunião da empresa, num pedido de crédito ao banco, numa avaliação escolar, no vestibular, ou mesmo numa declaração de amor a pessoa amada. Ou seja, se você deve se comunicar a respeito de algo, não tem muito o que fazer se você não sabe nada sobre o tema. Voltando ao nosso Lego: mesmo com as regras todas de montagem, nada pode ser feito se você não tem as peças para montar. Como resolver isso? Simples: adquira conteúdo de qualidade. Existem boas fontes de informação em qualquer mídia, das impressas até as redes sociais. Balanceie a cultura de lixo com fontes que tragam informações valiosas para sua formação intelectual e cultural. Esse equilíbrio é fundamental e, dito em tempo, ninguém está exigindo que você seja erudito e que estude o dia inteiro. Um erro muito comum, para pais e alunos, é achar que a escola provê todas essas informações importantes. Em boa parte sim mas, num mundo com tantas informações importantes sendo criadas e distribuídas a cada segundo, o aluno precisa adquirir um gosto genuíno pela boa leitura, e exercitá-la de forma regular. Alunos que leem mais são os que produzem, por exemplo, as melhores redações. Afinal, a base da educação contemporânea, como muitos sabem, está em aprender a aprender.
Regra 2 – Conteúdo é rei: Quando estamos nos comunicando, a forma é uma variável, mas o conteúdo é uma constante. Mais que uma constante, é uma condição. Se a forma está atrapalhando o conteúdo, a forma deve ser revista, nunca o contrário. Em uma situação em que a forma prevalece, e o conteúdo fica em segundo plano, perdemos clareza, correndo o risco de não sermos entendidos. As raras licenças são concedidas para artistas, já que podem buscar a manifestação artística como objetivo principal. O conteúdo é assimilado por um processo indireto e convidativamente reflexivo, justamente o que torna a arte interessantemente contemplativa e provocativa. Se você não está expressando sua veia artística – o que corresponde a prováveis 99% de sua necessidade diária de comunicação – lembre-se que o conteúdo é o rei. Coloque-o em primeiro lugar.
Regra 3 – Estrutura é sustentação e beleza: Como numa casa, é a estrutura que faz a obra ficar de pé, firme e forte, e também o que a torna atraente. E estrutura não se resume a selecionar os melhores materiais, mas também em aplicar uma arquitetura que aproveite suas características fundamentais, numa organização ótima, sinérgica e elegante. Perceba a relação disso com a comunicação. Os melhores argumentos, trazendo o conteúdo mais interessante, não significam muito sem uma estrutura lógica que aproveite suas forças. Planeje a forma de apresentar suas ideias, seus argumentos, o contexto da mensagem. Organize a relação entre os assuntos e como eles dependem um dos outros, tornando a mensagem lógica, fluída e interessante. Os interlocutores devem ser capazes de assimilar suas ideias sem perceber cortes bruscos na mensagem, evitando trancos entre sequências de idéias sem relação aparente entre si. Note que a estrutura lógica é a redenção da importância da forma frente ao conteúdo. Afinal de contas, sem a forma, o conteúdo é abstrato, vago, incomunicável. Podemos reconhecer, portanto, que forma é também expressão de conteúdo e, em nossa obra, é a indispensável argamassa que une ideias na coesão do todo. Estrutura é a elementar manifestação da forma, é o convite que você oferece para ser ouvido. E deve ser ainda, para os já têm o traquejo de injetar estilo à obra, o olhar arquitetônico que complementa a pragmática definição da engenharia de conteúdo.
Regra 4 – Saiba onde você quer chegar: A boa comunicação exige que você desenvolva ideias com um objetivo em mente. Regra simples e direta, mas extremamente importante. Um dos capítulos do livro milenar, a Arte da Guerra, trata desse ponto: “Se você não sabe onde quer chegar, qualquer caminho o levará para lá”. Mestre Sun está correto, os caminhos para se atingir um objetivo só podem ser trilhados, ou mesmo conhecidos, quando você sabe qual é o objetivo. Quem tem o objetivo claro tem mais facilidade, sempre, para se fazer transparente em suas mensagens. Ele é um norte e, como tal, funciona como uma bússola apontado a direção a trilhar no desenvolvimento de seus argumentos. Os esportistas têm um jargão de ordem prática que se aplica aqui: “não tirar os olhos da taça“. É exatamente isso. Transforme seus objetivos numa obsessão saudável a perseguir. A medida que se tornar melhor nessa arte mais as pessoas vão, realmente, ouvir e entender você.
Regra 5 – Seja claro e, na dúvida, simplifique: Lembre-se que seu objetivo principal é ser entendido. Procure a forma mais clara e direta de se expressar, sem perder a exatidão da ideia. Lembre-se ainda que simples é o mínimo para ser exatamente entendido, e simplista significa que você está deteriorando a ideia principal, por simplificar demais. Seja simples, não simplista. Bons comunicadores, como oradores ou escritores, compõe um estilo que faz parte da mensagem. Se você consegue incorporar estilo, sem detrimento da compreensão, ótimo - a licença concedida aos artistas já foi dada, e também vale aqui. Se você ainda não chegou lá, vale reforçar: simples não é estúpido. O que é estúpido é complicar e não se fazer entender.
Regra 6 – Escute você mesmo: Se você acha que não está se fazendo claro, muito provavelmente você não está mesmo. Escute-se sempre. Quando falando, se você acha que algo não soou bem ou ficou esquisito, se corrija ou se explique novamente. Não assuma que os outros entenderam algo que você mesmo ficou na dúvida. Quando estiver escrevendo, o processo é mais seguro. Apenas leia tudo o que escreveu e, se algo não parecer claro para você, reescreva até que se sinta transparente. A beleza de escrever é que se trata de um processo assíncrono de comunicação. Escreveu e não curtiu? Apague e corrija. Os outros não vão saber do processo de criação, apenas do resultado final.
Regra 7 – A pontuação é sua amiga: Seja na linguagem falada ou escrita, a pontuação torna a sua mensagem inteligível. Aprenda a pontuar e aplique uma atenção enorme a esse ponto – desculpem-me pelo trocadilho. A pausa é absolutamente importante para que cérebro possa decodificar a mensagem. Se você não usa a pontuação adequada, vai fazer com que os receptores de sua mensagem fiquem loucos. Pausas demais fazem com que eles tenham a impressão de estar lendo um telegrama. Pausas de menos, por suas vezes, fazem com que sintam que o pulmão vai implodir por falta de ar. Entender a implicação de ritmo que vírgula, ponto final, dois pontos e ponto-e-vírgula tem numa frase não é pedir muito. Na verdade, é o básico. Existe uma regra simples também para sentenças: prefira-as mais curtas. Construa-as mais longas a medida que estiver se sentindo mais a vontade com a pontuação.
Regra 8 – Adiante a sua tese: Não faça suspense, adiante a sua tese para que saibam onde você quer chegar. Você não precisa incorporar Stephen King quando estiver se comunicando. Tese não é conclusão. As pessoas não vão achar que você concluiu só porque apontou, de antemão, seu norte. Você ainda tem o tempo que precisar – de acordo com cada situação, claro – para apresentar seus argumentos e concluir. Trabalhar argumentos com tese oculta, em algumas situações, é uma vantagem, como esconder seu objetivo num jogo de xadrez. Use dessa posição dialética quando estiver confortável, e quando a plateia suportar esse jogo.
Regra 9 – Leia ou assista quem se comunica bem: Temos uma facilidade maior em aprender por exemplos. Sendo assim procure ter referência de bons comunicadores. Preste atenção em suas técnicas, explore suas construções de frase, suas organizações de ideias. O objetivo não é copiar o estilo, isso é muito próprio, mas tentar aprender um pouco com eles. E isso vai funcionar melhor se você estiver lendo ou ouvindo de um assunto que goste. Se existe interesse, existe atenção. Nunca é demais lembrar, contudo, que quanto mais diversidade em assuntos de seu interesse, melhor.
Regra 10 – Não use palavras que você não domina: Algumas palavras difíceis, quando bem utilizadas, em algumas situações, podem fazer com que a pessoa pareça mais culta. Mas palavras difíceis usadas de forma errada, sempre, fazem a pessoa parecer mais idiota. Na dúvida, não aposte; pesquise antes o termo num dicionário. Aos olhos dos outros, raramente alguém ganha pontos de QI por acertar palavras difíceis, mas sempre perde pontos ao usar palavras de forma errada.
Regra 11 – Tente se comunicar bem, sempre que o fizer: Ainda que alguns jogadores de futebol discordem, costumamos jogar como treinamos. Se treinamos errado, em momentos que achamos não ter importância, as chances são grandes que joguemos também desfalcados. Ou seja, sempre se esforce para falar e escrever certo, de forma clara. Evite atalhos na escrita quanto estiver em redes sociais, e também em ferramentas de chat. Vários alunos costumam transportar para as provas e produções escritas esses mesmos modismos. As oralidades por exemplo, manifestadas em escrita, são consideradas um erro, e não vão fazer você parecer “cool“, mas sim evidenciar uma certa desqualificação.
Regra 12 – Entenda seu público: Se existe comunicação, seja de que forma, uma ou mais pessoas estão recebendo mensagens. E, após recebê-las, elas devem decodificá-las para captar seu conteúdo. Lembre-se que você não está se comunicando com você mesmo, mas com um público alvo, com uma capacidade de decodificação possivelmente diferente da sua. Isto significa que, em determinadas situações, você deve ajustar conteúdo ou forma para ser entendido; já em outras, pode assumir liberdade maior e explorar seu repertório. Só levante o nível, portanto, quando seus interlocutores acompanharem. Resista a tentação de mostrar sua intelectualidade, prefira ser compreendido. |
Os filhos de nossos filhos
Neste mês passei pela experiência de me tornar avó. Momento este em que voltamos no tempo, revivemos o nosso passado... Enquanto no papel de pais fazemos um longo estágio, aprendendo com eles e por eles, nossos filhos, a arte de criar e também de educar. De repente, em um sublime momento, ganha-se sem aviso uma neta; e isso sem ter feito nada, ao menos diretamente, para trazê-la ao mundo: nada de enjôos, de repouso, de licença ou dores de parto... E mesmo sem nada disso, como uma herança, um presente de Deus cai do céu para toda a família. Neste momento da vida sentimos que podemos, e também devemos, passar o bastão. Sentimos que a vida, como uma colcha de retalhos, foi se ajeitando e enriquecendo a nossa história. Confirmamos que, entre choros e abraços, a vida sabe criar as suas amarras, legando as suas experiências, valores e cultura própria da sua família. E tudo isso, de certo, é o que nos torna aptos a seguir escrevendo o por vir. Portanto hoje, como avó, vejo o passado com muita gratidão e abraço este presente iluminado com toda a serenidade. Com isso vem a deliciosa missão, e também a enorme vontade, de continuar ajudando filho e neta a vislumbrar o que guarda o futuro. Ver e sentir o fruto do seu fruto, a continuidade das gerações é, seguramente, um sentimento maravilhoso repleto de vida e, tenho certeza, um amor acima do amor próprio. E esse amor compreende também, pensando com o coração de um educador, a missão grandiosa de estimular o desenvolvimento cognitivo da criança: acolher novos conhecimentos e saberes, ampliar suas fronteiras e visões de mundo, aprimorar sua compreensão, enfim, sobre a própria vida... Isso me faz lembrar e confirmar, mais do que nunca, o dito popular: ”Esperança é paciência em forma de certeza”. A minha certeza é que a missão da avó transborda a sua característica de ser insuperável em doçura e afeto. Os avós devem cultivar um ambiente de tranquilidade e serenidade familiar, incorporando oportunamente as suas próprias experiências valiosas colhidas durante uma vida. Desse ambiente surgirá a confiança familiar necessária para compor as bases da educação da criança. Essa composição, ainda que de responsabilidade e comando dois pais, fica mais fácil quando estes, por suas vezes, se permitem beber das águas do saber oferecidas pelos avós. Existe, de fato, a cultura de que os avós devem mimar e, fazendo isso, as vezes “estragar“ os netos. Como educadora, e partindo dessa cultura, afirmo que mimar faz sim parte do educar e não são, veja você, abordagens excludentes de relacionamento com a criança, mas sim complementares. O segredo de tudo é, sem surpresa, a moderação. Uma relação ponderada de afeto deve estar presente entre a criança e todos os que a cercam, em ambiente social e, principalmente, no seu lar. O bom senso de moderação não é difícil de buscar, afinal ele é talhado ao longo de nossas experiências de vida que, justamente, nós avós temos muitas em nosso repertório e, portanto, muito a oferecer para nossos filhos e netos. Texto de Elenir Bernardi, publicado na Revista Glamour, em Maio de 2012 |
Dez dicas para estudar melhor e realmente aprender
Boa parte das dicas aqui vistas, senão todas
elas, são conhecidas por todos, sem mistério. Mas conhecer, vejam vocês, quase
sempre não é suficiente. O que é preciso para se ter efeito é colocar o juízo em
prática. E aí está, de verdade, o nosso desafio: o hábito é o que faz o monge,
não a ladainha.
Essa é a primeira e maior dica de todas sobre estudar: estude! Faça acontecer, não fique protelando, colocando dificuldades ou encontrando obstáculos para não fazê-lo. Acredite que o estudo tem um poder transformador enorme, e que ele terá uma influência positiva muito significativa em sua trajetória rumo ao sucesso. E sucesso, vale mais uma vez ressaltar, não se resume a tirar as melhores notas nas provas. Isso é apenas uma das consequências, e nem é a mais importante... É evidente que o resultado mais nobre do estudo é a retenção do conhecimento, que fica realmente armazenado e à disposição do aluno sempre que ele precisa: quem decora, usa na prova, quem entende usa na vida. Obter as ferramentas intelectuais para aplicação na vida é o que o bom aluno deve buscar Vamos ver então as dicas para se tirar o máximo proveito do tempo de estudo, e falar um pouco de cada uma delas: 1. Estudar longe de computadores, tablets, telefones celulares e afins: Logo de cara fica, para os dias de hoje, a dica mais importante. Não é possível estudar ao mesmo tempo que se usa o MSN, o Skype, o facebook, o Tumblr, o Orkut, ou qualquer outro site de relacionamento na internet. Muitos alunos, e também muitos pais, acreditam que é possível fazer os dois, ao mesmo tempo, sem prejuízo de nenhum. Acreditem, isso é simplesmente um engando tremendo. Alguns alunos dizem ainda para os pais que precisam da internet para fazer pesquisa, mas a experiência diz que, na grande maioria dos casos, eles na verdade buscam a distração, para “fugir“ do estudo. Um aluno trancado por horas a fio num quarto com acesso a internet é um risco. Muitas vezes seis horas no quarto podem significar, no final das contas, meia hora de estudo e mais de cinco horas de “facebooks”. Solução: a única coisa que deve estar ligada no momento do estudo é a lâmpada. 2. Estudar em um ambiente com boa iluminação: Simples. O que os olhos não enxergam, o cérebro não processa. E quando precisamos forçar muito nossa capacidade visual, perdemos energia para aplicar no processamento e no entendimento do que se está estudando. Ficamos cansados mais rapidamente e o estudo não rende. Solução: prefira um quarto com boa iluminação natural, estudando perto de uma janela. Além de mais iluminação, você terá também um ambiente mais arejado. Se necessário, ligue uma lâmpada focal diretamente sobre o material de estudo; 3. Estudar em uma mesa, com a postura adequada: Quando estamos sentados, com a postura correta, estamos aproveitando de uma posição que nos permite permanecer parados por mais tempo. Sendo assim, o foco é todo voltado para o estudo. Se estamos largados em um sofá, ou mesmo deitados na cama, acabamos por mudar de posição muitas vezes durante o tempo de estudo, pois vamos ficando cansados e com dores localizadas, dependendo da posição que estamos. Solução: Providenciar uma mesa e uma cadeira em que você possa se sentar confortavelmente. A mesa deve ter a altura ideal para você não inclinar demais o pescoço para ler, e a cadeira deve, preferencialmente, acomodar a sua lombar; 4. Fazer um descanso de dez minutos a cada cinquenta minutos: A medida que se estuda vamos aplicando nossa energia e nosso foco. O nosso rendimento não é linear por todo o tempo que estamos estudando e, se passamos muito tempo na atividade, nosso rendimento vai caindo e, assim sendo, vamos assimilando cada vez menos do que estamos estudando. Solução: Levante, tome um copo de água, ande um pouco, ouça uma música para relaxar (uma música, não o CD inteiro); 5. Estudar em um ambiente livre de ruídos, inclusive música e televisão: Da mesma forma que o computador, a televisão tira o foco do objeto de estudo e, portanto, atrapalha. Sem discussão. A questão da música, e do fone de ouvido, é um pouco mais controversa. Tem gente que diz estudar melhor com música de fundo, porque ajuda na concentração. Tem até pesquisa que aponta que certas músicas estimulam as funções cognitivas, desde que sejam instrumentais em volume bastante baixo. Minha opinião é que, no melhor que seja, a música ajuda a combater a angústia do jovem que não tem paciência de ficar parado para estudar. Mas realmente não acredito que a música ajude no estudo, uma vez que ela compete com o objeto de estudo pela atenção de seu cognitivo. Solução: Prefira realmente estudar no silêncio. Se a música não puder ser evitada, prefira músicas calmas, instrumentais, e, se cantadas, numa língua estrangeira que você não domine (assim seu cérebro não perde energia e foco processando e interpretando as palavras); 6. Estudar sozinho, sempre que possível: Aprendemos melhor quando conseguimos assimilar o conteúdo por nós mesmos e, principalmente, quando conseguimos montar a nossa própria lista de dúvidas. Quando estudamos em grupo, a vezes esse processo é ainda mais difícil. Em muitas situações o aluno pode sentir uma muleta de confiança pelo conhecimento do amigo e, ele mesmo acaba não aprendendo o conteúdo como se deve. Solução: Confie em você e tome gosto pelo desafio de estudar. Os melhores alunos tentam fazer sozinhos e, caso surjam dúvidas (o que é absolutamente normal) , basta levá-las para tirar com o professor; 7. Professor particular como último recurso: Em algumas situações especiais professores particulares podem ajudar. Mas sempre na exceção, não na regra. Muitos alunos acabam por se acomodar e não se esforçar nem mesmo na sala de aula, pois sabem que podem contar com essa cômoda muleta mais tarde. Muitas vezes o aluno fica com preguiça de pensar, esperando que o professor particular faça isso por ele. É como se dissesse: “Coloque isso na minha cabeça de uma forma indolor, é o seu trabalho...“. Eu sei que não é a intensão nem a ideia dos pais, mas já os alunos, muitas vezes... Solução: use do professor particular quando realmente necessário, caso precise mesmo de uma atenção especial, depois de tentar sozinho. O professor particular também é uma boa pedida para alunos que precisam viajar por um período maior, ficando sem a explicação desenvolvida pelo professor em aula; 8. Estudar de forma contínua, não nas vésperas das provas apenas: Estudar é um exercício diário, não de véspera de prova. Importante dizer que essa não é uma afirmação apenas da pedagogia ou da psicologia, mas também da neurociência. Quando estudamos continuamente, nosso cérebro estrutura as informações num padrão em que a memória fique armazenada por um período indeterminado e longo. Quando estudamos de véspera de prova, ao contrário, o cérebro estrutura as informações de forma que ela seja apagada em breve. Por quê? Simples, se você só está vendo isso uma vez, sinal que não vai precisar muito, então pra quê guardar? Solução: Essa função de economia e produtividade é natural em nosso aparelho cognitivo, e devemos usá-la como nossa aliada. Estudar um determinado assunto duas horas por dia, durante cinco dias, é muito mais eficaz e eficiente do que estudar por dez horas na véspera da prova; 9. Ter um calendário de estudo, com uma hora definida: Insistindo no mesmo comentário, o hábito faz o monge. Se não temos um horário definido, procuramos encaixar o estudo no tempo livre. Nesse momento, podemos cair na armadilha de não achar o tempo livre, ou mesmo “criar“ obrigações desnecessárias justamente para que não sobre tempo para o estudo. A experiência nos mostra que a mente do aluno que não quer estudar é cheia de artimanhas. Ela trata de criar vários argumentos “convincentes“, embora enganosos, para que ele tenha menos tempo para estudar. Solução: tenha um horário fixo diário para estudar, de preferencia em um período em que você não seja interrompido e possa se concentrar totalmente no estudo. Lembre-se que é preferível um tempo menor de estudo com bastante foco, do que um tempo maior em que você se dispersa com assuntos diversos; 10. Anote e leve todas as suas dúvidas para o professor: Muitos alunos esquecem que os professores, além de dar as aulas, têm também a responsabilidade de responder a todas as dúvidas que surgem durante o tempo de estudo. Mas, para que haja uma resposta, em primeiro lugar deve haver uma pergunta. Os melhores alunos são aqueles que compreendem toda a extensão de um assunto e sabem dizer que sabem, mas também sabem apontar o que não sabem. O aluno que se esforça sabe apontar exatamente onde está a sua dúvida, enquanto o aluno que não se esforça tem dificuldade até mesmo em formular uma pergunta. Solução: comece a estudar do começo, primeiramente tendo certeza que você sabe qual é o assunto que você está estudando. Depois, a medida que você vai se aprofundando, anote os detalhes que você está tendo mais dificuldades, sempre procurando saber onde esses detalhes estão em relação ao assunto como um todo. A medida que você coloca essa técnica em prática, ela vai se tornando mais natural e fácil. Você vai terminar o estudo com uma lista de dúvidas prontinha para perguntar ao professor e, como prêmio, não vai ter que estudar quase nada na véspera da prova, pois já vai saber tudo que precisa para garantir uma ótima nota! Enfim, estas são as dicas mais importantes sobre como conseguir o melhor resultado do estudo. Mas, como dissemos anteriormente, tê-las em mente não é suficiente. Vamos agora ao trabalho! É fundamental ter consciência que os frutos são verdadeiramente colhidos com trabalho duro, como em qualquer outra profissão. Afinal, como muitos já disseram, o que é o estudo da educação básica, senão o exercício diário da primeira profissão de nossos alunos? Bons estudos a todos! Texto de Danilo Netto, publicado na revista Glamour, em Junho de 2012. |
O cesto de junco
Vale ressaltar, de pronto, que este texto não é meu. Bem verdade também que não consegui descobrir quem é o autor... Encontrei nessas viagens de pesquisa, daquelas meio que sem rumo, pela net. Se alguém souber de quem é, só me escrever que eu publico imediatamente! Boa leitura! Danilo ----------------- O cesto de junco Um discípulo chegou para seu mestre e perguntou: - Por que devemos ler, estudar, considerar e refletir sobre a sabedoria se nós não conseguimos memorizar tudo e, com o tempo, acabamos esquecendo? Somos obrigados, constantemente, a retomar o que já não está mais em nossas memórias. O mestre não respondeu imediatamente ao discípulo. Ele fitou o horizonte por alguns instantes e depois ordenou ao discípulo: - Pegue aquele cesto de junco, desça até o riacho, encha o cesto de água e o traga até aqui. O discípulo olhou para o cesto sujo e achou muito estranha a ordem do mestre, mas mesmo assim obedeceu. Pegou o cesto, desceu os cem degraus da escadaria do mosteiro até o riacho, encheu o cesto de água e começou a subir de volta. Como o cesto era todo cheio de furos, a água foi escorrendo e quando chegou até o mestre já não restava mais nada. O mestre perguntou-lhe: - Então, meu filho, o que você aprendeu? O discípulo olhou para o cesto vazio e disse jocosamente: - Aprendi que cesto de junco não segura água. O mestre ordenou-lhe que repetisse o processo de novo. Quando o discípulo retornou com o cesto vazio outra vez, o mestre perguntou-lhe: - Então, meu filho, o que você aprendeu? O discípulo respondeu, mas com um certo sarcasmo: - Que cesto furado não segura água! O mestre, então, continuou ordenando que o discípulo repetisse a tarefa. Depois da décima vez, o discípulo estava desesperadamente exausto de tanto descer e subir as escadarias. Porém, quando o mestre lhe perguntou de novo: - Então, meu filho, e agora, o que você aprendeu? O discípulo, olhando para dentro do cesto, percebeu admirado: - O cesto está limpo! Apesar de não segurar a água, a repetição constante de encher o cesto acabou por lavá-lo e deixá-lo limpo. O mestre, por fim, concluiu: - Não importa que você não consiga memorizar todos os ensinamentos adquiridos ao longo de sua vida. No processo de se conectar diversas vezes à sabedoria a sua mente e o seu coração vão se depurando. Inúmeros preconceitos se abrandam; a intolerância cede lugar à lucidez; a destrutividade, à criatividade; a oposição e competição gratuitas e infundadas, à cooperação ... - Neste processo, o homem, trabalhando no tempo e sendo continuadamente tocado pela sabedoria, vai “limpando-se” de seus aspectos grotescos e sombrios e torna-se verdadeiramente humano! |
Uma pitada sobre educação
Por Danilo Netto Este é meu primeiro post aqui no Pimenta. Acho muito adequado, dada a orientação deste espaço, tratar hoje dos objetivos primários que norteiam a educação em si e posteriormente, nesse bojo, do papel central que a escola ocupa na formação de um indivíduo. Não nascemos prontos para enfrentar ou mesmo entender o mundo, quanto mais entender qual é o nosso papel neste. Precisamos, para tanto, de uma sorte incomensurável de instruções diversas, a respeito de uma infinidade de questões e situações que se apresentam no decorrer de nossa vida. A educação, sucintamente, consiste em fornecer à pessoa as instruções para que esta se desenvolva intelectual, social, econômica e politicamente. Nesse processo se trama a malha da individualidade de cada um, cujas linhas consistem, basicamente, das instruções que recebemos alo longo da vida. E estas instruções derivam, por sua vez, da matéria de nossas experiências e reflexões. E talvez essa seja a melhor definição do que é um indivíduo e porque ele é único e especial: não existem, na história do mundo, duas pessoas cuja manta mental tenha sido tecida com instruções rigidamente idênticas. Nas palavras de Paulo Freire, grande educador brasileiro: "Não há saber mais ou saber menos. Há saberes diferentes”. Saberes diferentes implicam, portanto, em indivíduos. A maior expressão ou manifestação de um indivíduo se evidencia, contudo, em suas escolhas livres e ponderadas, que os guia para um estado ou objetivo desejado. Cada indivíduo pode, e deve, fazer escolhas durante o decorrer de sua jornada nesse mundo e extirpá-lo desse direito é, como já de consenso coletivo, uma forma de escravidão. Através dessas escolhas nos especializamos e nos definimos como únicos. Um jovem pode escolher ser médico, engenheiro ou escritor, se irá residir em sua localidade ou se lançará pelo mundo afora, se fará doutorado e será professor ou trabalhará numa grande multinacional, e se apoiará ou não determinações políticas governamentais, valendo-se de seu voto ou ainda se enveredando por uma vida pública. O fato é que escolhas – pelo menos as boas e conscientes – dependem de conhecimento prévio. Você prefere sorvete de chocolate ou pistache? Essa questão só tem resposta caso você tenha experimentado ambos os sorvetes e tenha instruções a respeito de seus sabores. Decisões a respeito de nossa vida – quem sou eu? O que me realiza como indivíduo? Quais as minhas aspirações profissionais, em ressonância a meus objetivos pessoais? – são incomparavelmente mais complexas e, portanto, dependem de um conjunto dramaticamente maior de instruções para que se aumentem as chances de se realizar boas escolhas. E boas escolhas significam única e exclusivamente aquelas que nos tornam indivíduos plenos e felizes. Dois fatos saltam aos olhos nessa verificação: Primeiro, é muito difícil conceber nosso lugar no mundo sem antes entender o mundo e a nós mesmos; Segundo, nenhum indivíduo tem todas as instruções sobre o mundo, apenas frações especializadas dessas instruções. Os gregos resumiram a importância dessa verdade em duas frases emolduradas pela história: “Conhece-te a ti mesmo” e “Só sei que nada sei”, esta também conhecida como doutrina socrática. A orientação que fica disso tudo, a meu entender, é que temos que nos valer de uma quantidade suficiente boa de instruções prévias, ou conhecimento, para que maximizemos as chances de tomarmos as nossas melhores decisões. O único indicador de suficiência de conhecimento, aquele que indica que se tem instrução o bastante para se decidir ou se agir, se chama bom senso. O diabo é se estabelecer o que é o bom senso. Nas palavras do filósofo francês René Descarte: "O bom senso é a coisa mais bem-repartida do mundo, todo mundo acha que tem o suficiente". E talvez se configure aqui o maior desafio que a educação tem de perseguir na esperança de talhar pessoas realizáveis e felizes: Formar indivíduos de bom-senso apurado, com grande capacidade de aprendizado, dotados de autoconhecimento, com um entendimento holístico a respeito do mundo que os cerca e, assim, com grande probabilidade de estabelecer um posicionamento coerente entre suas ambições pessoais e as possibilidades oferecidas pelo ambiente social. E a escola, como maior instituição de cunho educacional envolvida no desenvolvimento da criança e do jovem, tem, junto com a família, a maior parcela de responsabilidade nessa formação de bom-senso. Escolas de qualidade se preocupam em tudo que é necessário para fomentar esse bom-senso em seus alunos. Elas estão estruturadas com propostas pedagógicas integrais, com ênfase não apenas em conteúdo, mas também no desenvolvimento da personalidade e também do senso de civilidade do aluno. Desenvolvimento de personalidade não é secundário. Ele significa desenvolver, por exemplo, virtudes e características fundamentais aos vencedores, como a prudência (sabedoria e senso de discernimento), a temperança (senso de moderação), a justiça (senso do que é justo para si e para os outros) e a fortaleza (senso de atitude e coragem para agir, sem a qual, nada acontece). Todas elas virtudes de longa data apontadas como cardeais por Platão – na sua magistral obra A República – e essenciais para conquistar nossos objetivos pessoais. Aliás, como é facilmente constatável pelos exemplos que temos em nossa volta, pessoas de sucesso são aquelas que, além de uma boa formação, possuem uma boa dose de desenvoltura, atitude e habilidade social. E o que se deve notar é que uma boa formação “conteudista” não substitui uma formação de personalidade. Aliás, o que se nota é que pessoas mais extrovertidas e de maior habilidade social colhem mais vitórias na vida do que aquelas mais reservadas e sem iniciativa, ainda que estas últimas tenham uma formação universitária melhor. Evidente que o papel da escola, portanto, não se limita a expor toda a grade disciplinar que cobre assuntos de vestibular. Isso é importante, de fato, mas é o mínimo. Colégios que se focam integralmente nesta vertente são míopes e limitados e não percebem o óbvio: O profissional é desenvolvido tendo a pessoa como base, e não o contrário! Temos que cultivar a pessoa em primeiro lugar, sempre! Uma pessoa não se faz na faculdade, mas bem antes disso. Um jovem tímido e introspectivo não se torna um sagaz e extrovertido profissional porque passou a estudar na USP, Unicamp ou qualquer outra ilha de excelência técnica de nível superior. Essas instituições são ótimas pela qualidade de instrução técnica e pelos professores que têm, mas não são responsáveis por transformar pessoas em vencedores e líderes. A história faz questão de evidenciar isso: Biil Gates estudou em um colégio de formação integral e, como todos sabem, não chegou a concluir a faculdade que começara. A Microsoft veio antes; Gandhi, que freqüentou um colégio diferenciado na Índia, foi estudar na Inglaterra porque queria se municiar das armas necessárias para lutar contra a dominação de seu país. Quando pisou em na faculdade em Londres, já sabia quem era o que queria fazer com as instruções que receberia; Einstein não se incomodou de apontar que foi numa escola suíça, de educação integral, que ele conheceu a si próprio e as suas habilidades. Quando os três entraram no ensino superior, já tinham personalidade suficientemente estruturada para conquistar o mundo e, sem surpresa, o fizeram. É uma pena que tantos pais não enxerguem as coisas assim e não compreendam, portanto, a real importância da escola – juntamente com a família – na formação de uma pessoa. A verdade é evidente e explícita, mas, por falta de informação, muitos acreditam que os dezesseis anos que o aluno passa na escola se resumem a um grande curso pré-vestibular... Uma das maiores responsabilidades da escola é desenvolver o aluno como pessoa e, nesse sentido, ajudá-lo a descobrir quem ele é, quais as suas habilidades, talentos e motivações. E por fim, em vista disso tudo, ajudá-lo a identificar quais oportunidades a ele interessantes estarão esperando-o em época de formatura. Os méritos do formando podem e devem ser medidos por conquistas que vão muito além das faculdades que ele conseguiu entrar. Evidente que boas faculdades são um ativo importante no desenvolvimento de um bom profissional, mas, colocadas como única referência de sucesso acadêmico, podem representar uma tortura psicológica num momento importante da formação do jovem. Vencedores sustentam muito mais que um diploma, eles evidenciam autoconhecimento, visão de mundo e, principalmente, doses elevadas de atitude e bom senso. Quer enviar uma mensagem ao autor? danilo.netto@rno-1.net |
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Olá querido explorador! Bem-vindo ao Pimenta, um espaço do Reino de opinião e visão de mundo. Aqui vale tudo, desde que seja para mostrar e evidenciar uma opinião forte! Isso não é de graça e, muito menos sem justificativa. Opiniões fortes nos fazem, invariavelmente, refletir, nos posicionar e, justamente como fim maior, exercitar nosso raciocínio e nosso poder de crítica. Sendo assim, desejo aos escritores do Pimenta muito tempero em suas tecladas e, aos nosso leitores, uma leitura agradável, mas não tanto acomodada. A crítica é fundamental! E aos alunos e pais, que tem acesso ao RNO-1, a crítica não precisa ficar na cabeça, fiquem a vontade para comentar por escrito neste espaço! Afinal, ele também é de vocês! Danilo |