Boa parte das dicas aqui vistas, senão todas
elas, são conhecidas por todos, sem mistério. Mas conhecer, vejam vocês, quase
sempre não é suficiente. O que é preciso para se ter efeito é colocar o juízo em
prática. E aí está, de verdade, o nosso desafio: o hábito é o que faz o monge,
não a ladainha.
Essa é a primeira e maior dica de todas sobre estudar: estude! Faça acontecer, não fique protelando, colocando dificuldades ou encontrando obstáculos para não fazê-lo. Acredite que o estudo tem um poder transformador enorme, e que ele terá uma influência positiva muito significativa em sua trajetória rumo ao sucesso. E sucesso, vale mais uma vez ressaltar, não se resume a tirar as melhores notas nas provas. Isso é apenas uma das consequências, e nem é a mais importante... É evidente que o resultado mais nobre do estudo é a retenção do conhecimento, que fica realmente armazenado e à disposição do aluno sempre que ele precisa: quem decora, usa na prova, quem entende usa na vida. Obter as ferramentas intelectuais para aplicação na vida é o que o bom aluno deve buscar Vamos ver então as dicas para se tirar o máximo proveito do tempo de estudo, e falar um pouco de cada uma delas: 1. Estudar longe de computadores, tablets, telefones celulares e afins: Logo de cara fica, para os dias de hoje, a dica mais importante. Não é possível estudar ao mesmo tempo que se usa o MSN, o Skype, o facebook, o Tumblr, o Orkut, ou qualquer outro site de relacionamento na internet. Muitos alunos, e também muitos pais, acreditam que é possível fazer os dois, ao mesmo tempo, sem prejuízo de nenhum. Acreditem, isso é simplesmente um engando tremendo. Alguns alunos dizem ainda para os pais que precisam da internet para fazer pesquisa, mas a experiência diz que, na grande maioria dos casos, eles na verdade buscam a distração, para “fugir“ do estudo. Um aluno trancado por horas a fio num quarto com acesso a internet é um risco. Muitas vezes seis horas no quarto podem significar, no final das contas, meia hora de estudo e mais de cinco horas de “facebooks”. Solução: a única coisa que deve estar ligada no momento do estudo é a lâmpada. 2. Estudar em um ambiente com boa iluminação: Simples. O que os olhos não enxergam, o cérebro não processa. E quando precisamos forçar muito nossa capacidade visual, perdemos energia para aplicar no processamento e no entendimento do que se está estudando. Ficamos cansados mais rapidamente e o estudo não rende. Solução: prefira um quarto com boa iluminação natural, estudando perto de uma janela. Além de mais iluminação, você terá também um ambiente mais arejado. Se necessário, ligue uma lâmpada focal diretamente sobre o material de estudo; 3. Estudar em uma mesa, com a postura adequada: Quando estamos sentados, com a postura correta, estamos aproveitando de uma posição que nos permite permanecer parados por mais tempo. Sendo assim, o foco é todo voltado para o estudo. Se estamos largados em um sofá, ou mesmo deitados na cama, acabamos por mudar de posição muitas vezes durante o tempo de estudo, pois vamos ficando cansados e com dores localizadas, dependendo da posição que estamos. Solução: Providenciar uma mesa e uma cadeira em que você possa se sentar confortavelmente. A mesa deve ter a altura ideal para você não inclinar demais o pescoço para ler, e a cadeira deve, preferencialmente, acomodar a sua lombar; 4. Fazer um descanso de dez minutos a cada cinquenta minutos: A medida que se estuda vamos aplicando nossa energia e nosso foco. O nosso rendimento não é linear por todo o tempo que estamos estudando e, se passamos muito tempo na atividade, nosso rendimento vai caindo e, assim sendo, vamos assimilando cada vez menos do que estamos estudando. Solução: Levante, tome um copo de água, ande um pouco, ouça uma música para relaxar (uma música, não o CD inteiro); 5. Estudar em um ambiente livre de ruídos, inclusive música e televisão: Da mesma forma que o computador, a televisão tira o foco do objeto de estudo e, portanto, atrapalha. Sem discussão. A questão da música, e do fone de ouvido, é um pouco mais controversa. Tem gente que diz estudar melhor com música de fundo, porque ajuda na concentração. Tem até pesquisa que aponta que certas músicas estimulam as funções cognitivas, desde que sejam instrumentais em volume bastante baixo. Minha opinião é que, no melhor que seja, a música ajuda a combater a angústia do jovem que não tem paciência de ficar parado para estudar. Mas realmente não acredito que a música ajude no estudo, uma vez que ela compete com o objeto de estudo pela atenção de seu cognitivo. Solução: Prefira realmente estudar no silêncio. Se a música não puder ser evitada, prefira músicas calmas, instrumentais, e, se cantadas, numa língua estrangeira que você não domine (assim seu cérebro não perde energia e foco processando e interpretando as palavras); 6. Estudar sozinho, sempre que possível: Aprendemos melhor quando conseguimos assimilar o conteúdo por nós mesmos e, principalmente, quando conseguimos montar a nossa própria lista de dúvidas. Quando estudamos em grupo, a vezes esse processo é ainda mais difícil. Em muitas situações o aluno pode sentir uma muleta de confiança pelo conhecimento do amigo e, ele mesmo acaba não aprendendo o conteúdo como se deve. Solução: Confie em você e tome gosto pelo desafio de estudar. Os melhores alunos tentam fazer sozinhos e, caso surjam dúvidas (o que é absolutamente normal) , basta levá-las para tirar com o professor; 7. Professor particular como último recurso: Em algumas situações especiais professores particulares podem ajudar. Mas sempre na exceção, não na regra. Muitos alunos acabam por se acomodar e não se esforçar nem mesmo na sala de aula, pois sabem que podem contar com essa cômoda muleta mais tarde. Muitas vezes o aluno fica com preguiça de pensar, esperando que o professor particular faça isso por ele. É como se dissesse: “Coloque isso na minha cabeça de uma forma indolor, é o seu trabalho...“. Eu sei que não é a intensão nem a ideia dos pais, mas já os alunos, muitas vezes... Solução: use do professor particular quando realmente necessário, caso precise mesmo de uma atenção especial, depois de tentar sozinho. O professor particular também é uma boa pedida para alunos que precisam viajar por um período maior, ficando sem a explicação desenvolvida pelo professor em aula; 8. Estudar de forma contínua, não nas vésperas das provas apenas: Estudar é um exercício diário, não de véspera de prova. Importante dizer que essa não é uma afirmação apenas da pedagogia ou da psicologia, mas também da neurociência. Quando estudamos continuamente, nosso cérebro estrutura as informações num padrão em que a memória fique armazenada por um período indeterminado e longo. Quando estudamos de véspera de prova, ao contrário, o cérebro estrutura as informações de forma que ela seja apagada em breve. Por quê? Simples, se você só está vendo isso uma vez, sinal que não vai precisar muito, então pra quê guardar? Solução: Essa função de economia e produtividade é natural em nosso aparelho cognitivo, e devemos usá-la como nossa aliada. Estudar um determinado assunto duas horas por dia, durante cinco dias, é muito mais eficaz e eficiente do que estudar por dez horas na véspera da prova; 9. Ter um calendário de estudo, com uma hora definida: Insistindo no mesmo comentário, o hábito faz o monge. Se não temos um horário definido, procuramos encaixar o estudo no tempo livre. Nesse momento, podemos cair na armadilha de não achar o tempo livre, ou mesmo “criar“ obrigações desnecessárias justamente para que não sobre tempo para o estudo. A experiência nos mostra que a mente do aluno que não quer estudar é cheia de artimanhas. Ela trata de criar vários argumentos “convincentes“, embora enganosos, para que ele tenha menos tempo para estudar. Solução: tenha um horário fixo diário para estudar, de preferencia em um período em que você não seja interrompido e possa se concentrar totalmente no estudo. Lembre-se que é preferível um tempo menor de estudo com bastante foco, do que um tempo maior em que você se dispersa com assuntos diversos; 10. Anote e leve todas as suas dúvidas para o professor: Muitos alunos esquecem que os professores, além de dar as aulas, têm também a responsabilidade de responder a todas as dúvidas que surgem durante o tempo de estudo. Mas, para que haja uma resposta, em primeiro lugar deve haver uma pergunta. Os melhores alunos são aqueles que compreendem toda a extensão de um assunto e sabem dizer que sabem, mas também sabem apontar o que não sabem. O aluno que se esforça sabe apontar exatamente onde está a sua dúvida, enquanto o aluno que não se esforça tem dificuldade até mesmo em formular uma pergunta. Solução: comece a estudar do começo, primeiramente tendo certeza que você sabe qual é o assunto que você está estudando. Depois, a medida que você vai se aprofundando, anote os detalhes que você está tendo mais dificuldades, sempre procurando saber onde esses detalhes estão em relação ao assunto como um todo. A medida que você coloca essa técnica em prática, ela vai se tornando mais natural e fácil. Você vai terminar o estudo com uma lista de dúvidas prontinha para perguntar ao professor e, como prêmio, não vai ter que estudar quase nada na véspera da prova, pois já vai saber tudo que precisa para garantir uma ótima nota! Enfim, estas são as dicas mais importantes sobre como conseguir o melhor resultado do estudo. Mas, como dissemos anteriormente, tê-las em mente não é suficiente. Vamos agora ao trabalho! É fundamental ter consciência que os frutos são verdadeiramente colhidos com trabalho duro, como em qualquer outra profissão. Afinal, como muitos já disseram, o que é o estudo da educação básica, senão o exercício diário da primeira profissão de nossos alunos? Bons estudos a todos! Texto de Danilo Netto, publicado na revista Glamour, em Junho de 2012. |
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